"A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe chamarão
Emanuel que significa ‘Deus conosco’ (...) e ela deu à luz o seu primogênito.
Envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para
eles na hospedaria”.
Mateus 1:23 (NVI), Lucas
2:7 (NVI)
O nascimento de Jesus é celebrado pela sua importância soteriológica (i.e. salvífica). Naquele dia a
humanidade descobriu o que significa “Deus amou o mundo de tal maneira” (cf. Jo. 3:16). De agora em diante teríamos
um lugar para atracar nossas vidas. Este que nasceu levará sobre si mesmo
nossas mais horrendas transgressões, Ele será “moído por causa das nossas
iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas
pisaduras fomos sarados” (cf. Is.
53:5). De agora em diante nossas almas poderiam descansar sob a justiça de
Deus. A natividade trouxe mais que uma promessa futura de vida eterna, veio
junto da sentença “não temas” (cf.
Mt. 1:20). De agora em diante teríamos fé em dias de incertezas. O nascimento
de Jesus trouxe Deus para perto de nós, não que Ele outrora estive inacessível,
mas agora temos o Emanuel “Deus Conosco” (cf.
Mt. 1:23). De agora em diante nunca mais estaríamos sozinhos. A natividade traz
consigo todas estas dádivas, é Graça para gente sem graça.
O nascimento de Jesus também descortina outras visões redentoras, como
por exemplo, a proposta de nascer numa manjedoura. Ao contrário do que
encenamos como algo ruim e depreciativo, o fato de Cristo ter nascido entre os
animais foi majestoso. O Deus encarnado escolheu vir ao mundo junto da criação,
não apenas dos homens. Ele escolheu nascer num lugar democrático, onde animais
e homens celebrassem o Redentor, pois “toda a criação geme” (cf. Rm. 8:22), então, “Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo” (cf.
II Co. 5:19). O fato de não haver lugar na hospedaria não fora um golpe do
destino nos planos de Deus, muito pelo contrário, era a intenção de Deus, demostrando
que a criação precisa reconectar-se. Ali, animais e homens entenderiam que “tudo
quanto tem fôlego louve ao Senhor” (cf.
Sl. 150:6). Não tinha lugar mais adequado para Ele nascer, a estrebaria seria o
símbolo da nossa missão integral.
O nascimento de Jesus continua a fornece uma nova cosmovisão acerca do
caráter de Deus e sua relevância integradora para nossas jornadas cristãs. Sendo
assim, o Rei escolheu nascer junto à plebe revelando que a grandiosidade do
Reino nada tem haver com privilégios exclusivistas exibicionistas. O Grande Eu
Sou escolheu vir junto dos camponeses para que entendêssemos que “quem quiser
tornar-se importante deverá ser servo” (cf.
Mc. 10:43). Neste Reino do Emanuel não haverá lugar para diferenciação de
classes sociais, somos uma irmandade. Não pode haver maiores. Não pode haver
títulos. Não pode haver privilegiados. Não pode haver acumulo de riqueza. Não
pode haver necessitados. Não pode haver desigualdade. O Rei deu-nos o exemplo a
ser seguido e assim “olhando para Jesus, autor e consumador da fé” (cf. Hb. 12:2) podemos redescobrir nossa
missão junto aos desafortunados, demonstrando que a Graça não é apenas um
discurso natalino, mas é o marco regulador da nossa fé.
Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 24 de Dezembro de 2013