sexta-feira, 8 de abril de 2016

"Os Dez Mandamentos" e o oportunismo gospel


"Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade. Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda".
2 Pedro 2:2,3 (NVI)

O Brasil, especialmente nestes últimos anos, vem sendo arrebatado por uma corrente de oportunismo evangelical. Na crista da onda, desde sempre (exagero necessário de um imediatista moderno), está a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), na figura excêntrica de seu líder Edir Macedo (fundador extremista da referida seita anti-cristã). Neste viés, como resultado de uma série de más intenções e maus resultados, a IURD vem emporcalhando e “emburrecendo” a Igreja Evangélica Brasileira. Para tanto, como que num apogeu de toda putrefação gospel, gravou recentemente a telenovela “Os Dez Mandamentos”, que recém se tornou em longa metragem. Então, o que pretendo me atrever é fazer alguns desconfortáveis comentários sobre a repercussão deste atual remake sweeded da IURD/Record, que foi uma tentativa fútil de ser como foi o grande sucesso da década 1950, The Ten Commandments (Os Dez Mandamentos), com Charlton Heston interpretando Moisés.

Reitero que a critica que se segue é sobre a repercussão do recém lançado “Os Dez Mandamentos”, produzido pela tendenciosa mídia da IURD, então, a critica que se segue não é necessariamente sobre o conteúdo do filme. Isto não quer dizer que a história narrada no filme esteja imune de observações, muito pelo contrário, são tantas desconstruções bíblicas que daria pra escrever inúmeros textos, livros, dissertações e teses, seria até oportuno a hipérbole: não caberia em todos os livros do mudo. Por esta razão, me centrarei apenas na repercussão do filme, por entender que é muita besteira num momento histórico só para que caibam nas condensadas páginas que se seguem.


A primeira falácia é achar que o filme “Os Dez Mandamentos” é uma reconstrução da história bíblica. Ledo engano. A semelhança do recém “Noé” (2014), do novíssimo “Êxodo” (2014) e do não tão novo “Príncipe do Egito” (1998), todos estão inseridos numa proposta de ficção cientifica supostamente, e duvidosamente, embasados nas histórias bíblicas. Repito, supostamente embasados, ou seja, os referidos filmes não tem a intenção de serem fidedignos aos relatos bíblicos, como os próprios produtores insistem em afirmar. Contudo, estranhamente, os crentes tupiniquins assistem tais películas como se estivessem revivendo os relatos bíblicos. Isto demostra, muito claramente, que os tais crentes não entendem nada de bíblia. Por isto, qualquer produção cinematográfica tem ares de veracidade para estes, se tornando vulneráveis as aberrações, heresias e doutrinas de demônios (cf. I Tm 4:1). Então, quando alguém diz assistir os “Os Dez Mandamentos” porque é um filme bíblico, este precisa é ler a bíblia, pois não compreendeu nada do relato bíblico.


O segundo engodo vem da essência de ser IURD, que se personifica no suposto sucesso nas vendas de ingresso para os “Os Dez Mandamentos”. A Record/IURD, epicentro de toda desconstrução cristã moderna, insiste que este foi o filme brasileiro com maior bilheteria, depois mudam um pouco as falas para não soar tão mentiroso (como se pudesse fugir de seu próprio caráter), dai dizem: ser o filme mais assistido no Brasil. Para o telespectador desapercebido pode até dar um tom de demonstração do poder de Deus, pois afinal um filme bíblico (supostamente) ter tamanho destaque só pode ser obra de Deus, só que não. A IURD tem distribuído gratuitamente os ingressos para assistirem a aberração “Os Dez Mandamentos”, isto eles não divulgam na mídia. E outra informação que eles não divulgam é que o suposto sucesso do filme é o sucesso da telenovela da Record sobre a concorrente, a rede Globo. Ou seja, tudo não passa de um jogo de manipulação, típico da IURD e do fanfarrão Edir Macedo, para atrair mais audiência.


A terceira dissimulação é achar que é melhor algo meio torto falar de Deus do que não falar de Deus. Lego engano. Nada é mais corrosivo a verdade do que a mentira com tons de verdade. E é sempre válido lembrar que uma vez ensinado/aprendido errado, para desconstruir tal compreensão errônea é muito mais difícil. Por isto, arrisco dizer que a película recente “Os Dez Mandamentos” não contribuiu para a Igreja Evangélica Brasileira, muito pelo contrário prejudicou, pois ensinou errado. Ainda há de se destacar que o símbolo imagem fica mais gravado na memória do que a leitura, então, é provável que os crentes, discípulos da IURD, ao se lembrarem da história de Moisés se lembrarão do filme, não do texto bíblico. Ou seja, a bíblica perde autoridade e referência, se tornando secundária. Por isto, não é tão incomum ouvir nos púlpitos os pregadores relatando a história de Moisés distante dos relatos bíblicos, pois estes fixaram na mente o filme, não a leitura.


A quarta e última consideração é uma insistência já dada em outros textos de minha autoria (“Um menino chamado Edir Macedo”; “Entre Babilônia, Duas Caras e as mesmas manipulações”; e, “Brasil, a Roma dos evangélicos”). A questão é muito simples: por que a Record/IURD, sendo notoriamente anti-cristã, insiste em produzir coisas do gênero gospel? A resposta é mais simples ainda: pois enganar crente sempre foi mais fácil que enganar quem não é crente. Ser crente nesta contemporaneidade, quase sempre, está atrelado à autoridade e submissão, especialmente nas igrejas de linha neopentecostal. Desta forma é fácil induzir votos eleitorais, forçar doações financeiras desmedidas, esfacelar a vida das pessoas em prol de uma instituição e etc. A IURD/Record sabe que o crente tupiniquim julga que ter fé significa ser obediente a lideranças humanas, então, nesta jihad gospel, o mais forte tem evidência e reverência dos demais. Eis porque a IURD quer ser tão grande, pois precisa se impor sobre os frágeis corações de pastores e igrejas de médio e pequeno porte.


Minhas considerações finais são bandeiras que ainda insisto em tremular: 1) O filme “Os Dez Mandamentos” não é, sob nenhum aspecto, um filme bíblico; 2) O filme “Os Dez Mandamentos” é apenas uma jogada de marketing da Record/IURD para enganar os crentes de plantão; 3) A IURD não é uma igreja evangélica, ela é uma seita herética anti-cristã, corrosiva ao cristianismo bíblico; 4) O Edir Macedo, na representação do personagem de pastor, é uma vergonha para a Igreja Evangélica Brasileira, pois manipula intencionalmente a fé das pessoas; 5) A razão de Deus deixar a IURD e o Edir Macedo ter suposto sucesso é porque estes funcionam como contra peso para medir o coração de outros pastores igualmente corruptos que querem ter sucesso a qualquer custo; e, 6) Que Deus tenha misericórdia do circo que virou a Igreja Evangélica Brasileira e nos dê esperança após o califado da IURD.


Fortalecido pela cruz de Cristo,

Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 05 de Abril de 2016