“Quando
o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como um sonho. Então a nossa
boca encheu-se de riso, e a nossa língua de cantos de alegria...”.
Salmos 126:1-2 (NVI)
Salmos 126:1-2 (NVI)
A vida precisa ser vivida em constantes
feedback’s para que não nos esqueçamos de onde viemos para depois não
lamentarmos onde estamos e nem tão pouco culparmos outros pelo que nos tornamos.
Para tanto, trago a memória quando ainda era criança, estava cursando as fases
primarias da escola, eram tempos de descobertas, ao mesmo tempo era a época de
se pensar ou pelo menos mentalizar o que se esperava da vida e como iríamos
passar pela vida. Não era muito difícil encontrar um professor (“tio” e “tia”,
como se dizia naquela época) que constantemente nos passava uma folha em branco
e pedia para a classe desenhar o que queríamos ser quando crescêssemos.
O simples pedido para pintarmos nosso
futuro era algo empolgante. Alguns pintavam uma cruz vermelha e ambulâncias,
simbolizando que queriam trabalhar na área de saúde, desejavam salvar vidas da
morte, ser a esperança de vida para muitos. Outros rascunhavam um policial,
tendo em vista cuidar da segurança das pessoas, visavam ter assim um mundo mais
seguro para se poder viver em liberdade. Havia ainda muitos que ilustravam
pessoas que cuidavam de animais e/ou da natureza, ambos vislumbravam um mundo
com equilíbrio ecológico e respeito ambientalista. Era comum achar desenhos de
pessoas que queriam ser pilotos, atletas e outras atividades que intentavam
representar a nação, ali havia patriotismo, acreditavam na nação.
Hoje quando me lembro dos desenhos de
quando era criança não me recordo de outra coisa a não ser que cada um tinha a
capacidade de sonhar. Queríamos ser úteis quando crescêssemos, transformar a
sociedade, promover revoluções, salvar vidas, fazer justiça social e ecológica.
Tudo parecia muito possível, por mais distante que se parecesse o sonho, ainda
sim, sentíamos como se fosse apenas uma questão de tempo. Nas brincadeiras, nas
rodas de amigos, na família, nas orações ou em qualquer lugar falávamos
abertamente desde futuro transformador. Um detalhe tem de ser pontuado, não me
recordo de nenhum desenho que não tivesse um cunho comunitário. Nossos sonhos
eram para beneficiar outros, nos sentíamos completos em sonhar que um dia
seriamos úteis para outras pessoas. Queríamos escrever a história, não somente
passar por ela.
Os anos se passaram e a vida é uma caixinha
de surpresas. Então, por mais que os nossos sonhos fossem nobres foram ficando
cada vez mais distantes da realidade. Os sonhos idealistas foram se tornando em
um pesadelo realista. Cada vez menos interesse pelas causas sociais,
justificando falta de tempo. Cada vez menos interesse em salvar vidas, pois afinal
tudo era mera utopia infantil. Cada vez menos coragem para fazer revoluções,
pois se prefere uma paz egoísta do que se juntar aos que gritam. Cada vez menos
vida, pois afinal das contas o que se quer é apenas sobreviver. Os lindos e
empolgantes desenhos de outrora ficaram, propositalmente, no esquecimento.
Momentos saudosistas, vidas insignificantes, sonhos abandonados, ideologias
medíocres e milhares de vidas a espera de um milagre. Infelizmente, o sonho de
muitas pessoas “crescidas” é simplesmente tentar acreditar que ainda podem
sonhar como faziam quando eram “crianças”. Afinal, o que parece é que quando
somos adultos agimos de forma infantil.
Por tudo isto, seria razoável ponderar que
o que realmente importa nesta vida não o quanto já vivemos, nem quantos títulos
conseguimos, muito menos quantos aplausos nos precederam, mas sim o quanto
fomos fieis aos sonhos que Deus colocou em nossos corações ainda quando
pensávamos ser “crianças”. Portanto, há uma verdade que irá nos assombrar por
toda vida, a dura certeza de que hoje somos conhecidos pelo que sonhamos,
amanhã seremos referenciados pelo que fizemos, em um futuro bem próximo seremos
lembrados tão somente pelo que fizemos com nossos sonhos.
Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 02 de Dezembro de 2006
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