“assim,
levantou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura.
Depois disso, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos seus
discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura”.
João 13:4-5 (NVI)
As vivências
no contexto capitalista ensinou a sociedade a sempre esperar uma recompensa
pelo que se faz. Neste mundo de barganhas e investimentos a humanidade aprendeu
a condicionar a dedicação pessoal mediante a um prêmio pelo tal. As pessoas se
acostumaram a só fazer algo quando se beneficiam pelo feito. Tristemente, os
termos gastar, perder, entregar e doar foi perdendo sentido e gradativamente
caíram no desuso, inclusive para os cristãos em suas relações eclesiásticas e
espirituais. Deste prisma, a arte de amar incondicionalmente perde lugar para o
interesse; a oferta voluntária perde lugar para a prosperidade; a vida eterna
perde lugar para as bênçãos nesta terra; e, a simplicidade da espiritualidade
perde lugar para o mérito igrejeiro.
No Evangelho
a matemática é inversa, e por mais que algumas igrejas contemporâneas insistam
em discursar o contrário, ainda o Carpinteiro continua a convidar os seus para
uma economia paradoxal: “Quem acha a
sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará” (cf. Mt. 10:39 - NVI). Qualquer pessoa
que se junte a fraternidade da Igreja com o propósito de ganhar, já perdeu.
Qualquer sermão dominical que motive os fiéis a se beneficiarem da fé, já
subverteu a espiritualidade. Qualquer movimento evangelical que torne os seus superiores aos demais, já esqueceu a
graciosidade de ser um simples servo na Casa do Pai. Portanto, somente no Cristianismo
bíblico os prêmios deste mundo não representam valor algum e de contra partida
as perdas, as debilidades e as fragilidades são destacadas.
O cristão
fiel, o verdadeiro discípulo de Jesus, aquele que entendeu a mensagem do
Carpinteiro, pode ter a certeza axiomática de que o grande prêmio por toda sua
dedicação a Igreja será uma bacia e uma tolha para lavar os pés uns dos outros.
Lembrando que na época bíblica não havia calçados fechados e as estradas eram
de terra, então, este ato era um dos mais humilhantes e desprezíveis da época,
praticado essencialmente pelos serviçais da casa. Logo, a recompensa por ter
sido fiel a Deus se gloriará sobre bacias e toalhas. Enfim, a grande coroa da
fé cristã é a capacidade de ser humilde ao ponto de se rebaixar e lavar os pés
dos que estão à mesa - isto despedaça os grilhões do inferno, silencia as vozes
pretenciosas do Ego e fortalece a natureza cristã da Igreja.
O ensino do Mestre acerca da grandeza da bacia e da toalha não é algo
a ser meramente contemplado ou farisaicamente admirado, contudo, deve ser
prioritariamente praticado (sendo importante verificar os equivalentes
culturais para tal ato). Por isto Jesus exorta: “eu lhes dei o exemplo, para
que vocês façam como lhes fiz (...) agora que vocês sabem estas coisas, felizes
serão se as praticarem” (cf. Jo.
13:15,17 - NVI). O prêmio, bacia e toalha, não é mera retórica, mas sim a prova
final para distinguir os que são e os que não são discípulos do Carpinteiro.
Portanto, a recompensa maior que um cristão receberá por seus serviços será uma
belíssima bacia e uma majestosa toalha – neste dia o Evangelho ganhará.
Fortalecido pela
cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vinicius@mtn.org.br
Artigo escrito em: 16 de Agosto de 2010
São textos como esse, que nos fazem lembrar a essência de quem servimos e de quem devemos ser a cada dia.
ResponderExcluirSempre me pergunto como me entregar a Cristo dessa forma tão simples, mas tão profunda.
Que Jesus continue te usando!