“Tudo sem sentido! Sem sentido!, diz o mestre. Nada faz sentido! Nada faz sentido!"
Eclesiastes 12:8 (NVI)
Há dias que um diálogo
improvável se torna fundamentalmente essencial. São momentos em relances de
vivências que desnudam percepções mais sensatas que o carpe diem dos moribundos. Num destes discursos axiomáticos
encontra-se a simplicidade de não se conformar com as rédeas modernas e ousar
verbalizar contraposições, insanidades e realidades. É bem ai que se percebe a
possibilidade ser algo diferente do que o proposto pela roda gigante dos
infames normais, e então, descobrir que ser normal é muito chato – não se
arrisca a nada, não se redescobre por meio da,
não se reinventa a partir de. Por
isto, neste cochicho despretensioso não se escuta as clássicas respostas
previsíveis.
A beira de uma pia
qualquer, com mãos enlameadas de rígidos pré-conceitos, ecoa a brandura das
águas correntes que suavizam as mais agitas aspirações de uma modernidade
tardia. Este é o cenário ideológico para surgir diálogos nada dialéticos. Ali
se confunde esperanças com senso de sustentabilidade ecológica sob a sentença
de que pombas são símbolos da paz, então, não podemos mata-las, pois cada vez
que uma pomba morre a paz morre um pouco mais. Loucura de gente desinstruída?
Ou sanidade de convencimento ambiental proposta em casas de pau-a-pique? Se
através desta anedota se salva animais, portanto, cumpre seu papel dialógico.
Ah! Escola... Para
que serve mesmo? Deveria ser para adestrar cidadãos a se convencerem que o
mundo é daqueles que nunca desistem, dos empreendedores, dos ousados, dos
destemidos, daqueles que balbuciam vocabulários indigestos de diferenciação das
classes sociais. Uma escolarização opressora não por causa de alguém, mas por
causa do que somos – consumidores. Da diferenciação surge a sutil exclusão.
Reprovado ou aprovado – Por quem? Para que? Por quais critérios? Melhor seria
termos mais tempo para jogar bola, brincar de videogame, dormir, enfim, viver a
juventude sem tantas mordaças. E assim ir para escola quando esta for atrativa,
quando eu quiser, quando esta for mais útil para a vida.
Entremeados a
conceitos de sustentabilidade ecológica e perversão acadêmica brota um erva
daninha chamada Money. Os constantes
estímulos do american way of life faz surgir por aqui o tupiniquim
uai vamo dá um jeito. Vende-se, então, ingressos para assistir a
promiscuidade de adolescentes que não escondem suas paixões, gente que assumi
estarem na vida para um louca experiência monetária. Querem ganhar dinheiro,
como se cifrão fosse um prêmio. Querem alcançar a “bufunfa” deitados numa rede,
como se dinheiro fosse traído por um campo magnético de preguiça. Ter profissão
se torna um mero detalhe para ver qual a melhor maneira de ganhar e gastar “cascaio”.
Não muito longe de
tudo isto que emudece qualquer pretensa comunicação, ainda relampeja uma nova
formatação da natividad de cada
indivíduo. Surge a figura de uma criança que aprendeu a crescer sem pai, que
tem na mãe a imagem de uma mulher sofridamente distante, que encontrou na
arcaica existência dos avós um referencial de contemporaneidade. Vidas descontinuadas
que seguem um destino em traços disformes. De tanto se acostumarem com as
ausências discorre sobre as poucas presenças, quase sempre de um tempo
longínquo. Aprende-se, então, que viver não é mensurado pelo que vivemos, mas
sim pelo que nunca viveremos. Percebe-se, então, o desmascare da perfeição
utópica, abrindo lugar para as imperfeições vivenciáveis – somos quem somos
quando admitimos nossas ausências, desvirtudes e incompatibilidades.
Enfim, e por fim (mesmo
não sendo o fim), é preciso postular que provavelmente este seja um texto sem
sentido. Ao ler as linhas que se seguiram talvez não tenha conseguido ganhar
significado na pré-formatada razão que insisti na folclórica sapiência de homo sapiens. Quem sabe, tudo que fora
escrito não tenha encontrado fundamentação lógica – ainda bem. Contudo, afirmo
que se esta foi a sua sensação não se
preocupe. Não há nada de errado com sua
capacidade crítica e interpretativa – pelo menos para os padrões normais e
aceitáveis. O que ocorreu, caso ainda não esteja entendendo, é que os diálogos aqui
descritos aconteceram com pessoas reais,
ou seja, gente confusa, contraditória, inconstante e incompreensível – seres em
profunda reconstrução/deformação existencial que não tem medo de expor suas
dicotomias a partir do padrão do outro. Portanto, tais diálogos se compreendem
quando se dialógotecexistencializa (um neologismo necessário para grupar
diálogos, vida e existencialismo).
Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 18 de Fevereiro de 2014