“Quando eu era menino, falava como menino,
pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei
para trás as coisas de menino”.
1 Coríntios
13:11(NVI)
O ano é 1991, num sábado qualquer,
naquela época eu tinha 10 anos de idade. Tudo parecia normal, nós crianças brincando
na chácara, os adultos conversando em volta da mesa à espera da sessão de cineminha
no fim da tarde, mas... uma das conversas, naquele sábado, se destacou das
demais, era acerca de um novo filme que ganhava ares de clássico, chamado:
Tomates Verdes Fritos (Universal Pictures). Lá fomos todos nós assistir,
obviamente que nós crianças queríamos outro título, mas fomos votos vencidos
(na verdade não havia votação, era imposição, coisa de adultos, sabe como é, né?). Ao fim do filme, para aqueles
que chegaram ao fim, a sensação era de terem tido uma ótima experiência. Contudo,
para nós crianças tudo era muito sem sentido, filme de adulto, dizíamos. Uma
coisa ficou claro, o que crianças gostam, adultos não gostam, e vice-versa. Os
anos se passaram e ainda algumas cenas do filme me assombram, numa espécie de recall
da minha memória “adultizada”.
Tomates Verdes Fritos é
coisa de adulto, que sabe que a vida é feita de uma teia de vivências. Vivências
estas das quais as crianças são poupadas de compreender, ao menos ainda. Portanto,
haverá dias futuros em que Tomates Verdes Fritos ganhará sentido, pois nas palavras
de Paulo: “Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e
raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de
menino” – 1 Co 13:11. Paulo não faz da infância um saudosismo horrendo, mas
coloca a condição de “homem” como um processo inevitável da trajetória chamada
vida. Estranho, desejo improvável, é o que propõem James Matthew Barrie,
com a Terra do Nunca, em Peter Pan. Paulo sabia que não existiria capitão
Gancho, então, era preciso amadurecer, era preciso ser “homem”, era preciso compreender
Tomates Verdes Fritos.
O discurso de Paulo, sutra
citado acima, é um dos mais referendados capítulos da Bíblia, 1 Co 13, capítulo
este que fala sobre o dom de amar. Então, depois que Paulo explica tudo acerca
do amor, ele faz a comparação entre ser menino e ser homem (no mesmo capítulo).
Esta relação é importante para perceber que Paulo não estava falando de um amor
divino, como se escuta por ai, nos rincões gospel – separando o amor em tipos, sendo
este um erro exegético comum em solos tupiniquins. Neste sentido, Paulo está
deixando claro que amor é o que se espera que haja entre os cristãos, e que
sendo assim, o amor é uma atitude intencional e racional. E para Paulo o amor não
é fruto de um esforço humano para amar, pois amor é um dom. Portanto, é possível
amar ainda que não se queira amar, pois amor é um movimento originário em Deus,
que é partilhado aos cristãos. Por isto, amor não pode ser confundido com ser bonzinho,
ser caridoso, sentir algo, ter paixão, sentir “tesão”, ter aquela vontade e coisas
do gênero. Amor é uma naturalidade do Reino. Não se esforça por amar, não se
tem que amar, simplesmente se ama, pois é isto que gente que não mais é “criança”
faz. Só entende isto quem entende Tomates Verdes Fritos.
Paulo contraria o senso
comum de atrelar às crianças a capacidade de amar, e de contra partida atribuir
a maldade ao coração de gente adulta. Para Paulo, amar é coisa de gente grande, gente com uma grandeza cristã
tal, capaz de entender que amar é uma condição de apesares, de não pavonice, de
não meritocracia, de não por mim. Para Paulo, o que separa homens de meninos, é
a capacidade de amar. Amar não como um conceito metafisico sensorial, mas
amar como João propõe: “não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em
verdade” - 1 Jo 3:18. Por isto, amar não pode ser confundido com coisas
de crianças: espontaneidade de relacionamentos, facilidade em fazer amigos, facilidade
em desemburrar, caridade, afetividade – isto são coisas boas, mas são coisas de
crianças, é preciso ir além, é preciso chegar na compreensão/dimensão do amor,
lá onde as tais atitudes boas de crianças até podem reaparecer, mas agora
engorduradas de intencionalidade e maturidade. Só entende isto que entende Tomates
Verdes Fritos.
Enfim, como bem disse o Carpinteiro: “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros - Jo 13:35. Então, é tipo Tomates Verdes Fritos. Entende?
Enfim, como bem disse o Carpinteiro: “nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros - Jo 13:35. Então, é tipo Tomates Verdes Fritos. Entende?
Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 30 de Janeiro de 2016
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