sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Deus tem sido bom


"Falarei da bondade do Senhor, dos seus gloriosos feitos, por tudo o que o Senhor fez por nós (...) conforme a sua compaixão e a grandeza da sua bondade".
Isaías 63:7 (NVI)

A vida cotidiana do cristianismo em tempos pós-modernos tem conduzido a espiritualidade para o âmbito da banalização, indiferença e mediocridade. A religiosidade cristã tem sido relegada ao mero ritualismo litúrgico. Estes são tempos de esfriamento espiritual, de ausência de reverência e de secularização do sagrado. Tempos de silêncio em meio aos louvores, pois os cânticos não mais exaltam o Criador, simplesmente reduzem a existência de Deus para fins de suprir os desejos humanos. Tempos onde a pregação bíblica tem sido suprimida pela animação de palco e por técnicas emotivas de oratória. Contudo, Deus ainda tem sido bom para com seu povo.

Deus tem sido bom! Isto não é mérito de ações humanas ou por merecimento do triunfalismo eclesiástico, Deus tem sido bom não por causa da igreja, mas sim apesar da igreja. A bem da verdade é que Deus tem sido bom por que a bondade faz parte de Seu caráter, Ele tem sido bom por causa do Seu amor incondicional, Ele tem sido bom em razão da Sua graça imensurável, Deus tem sido bom, pois a Sua misericórdia é eterna. O que Deus é não depende do que os homens são. Entretanto, a pessoa que conhece a Deus é impulsionada a viver de forma semelhante ao Carpinteiro, Jesus, pois em Cristo encontra-se a maior evidência de que Deus tem sido bom para com a humanidade, e em resposta a está bondade é que se deve gastar a vida cristã.

Deus tem sido bom! O sacrifício de Jesus na cruz do Calvário é a prova de que Deus tem sido bom, pois o Criador entregou Seu único filho para que por meio dEle muitos se tornassem filhos de Deus. Na cruz de Cristo se expressa a bondade de Deus, pois “...foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado...” – Is. 53:10. No Gólgota Deus demonstrou Sua bondade para com a humanidade, pois “...tendo despojado os principados e potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz” – Cl. 2:15. A cruz é um símbolo em tributo a bondade de Deus.

Deus tem sido bom! Há vida na Terra só existe por causa da bondade de Deus. Se mais uma vez o sol abrilhantou as manhãs é por que Deus tem sido bom, por isto todo ser vivente deve a cada dia se render aos pés do Senhor e reconhecer que: “Tu, só tu, és Senhor; tu fizeste o céu e o céu dos céus, juntamente com todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela existe, os mares e tudo quanto neles há, e tu os conservas a todos, e o exército do céu te adora” – Ne. 9:6. Se você está lendo este artigo agora é mais uma prova de que Deus tem sido bom, pois é somente pela misericórdia dEle que você ainda está vivo. Isto só é possível, pois: “a benignidade do Senhor jamais acaba, as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã...” – Lm. 3:22-23. A vida de cada pessoa leva consigo a marca da bondade de Deus.

Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 16 de Agosto de 2007

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Uma carta de amor


“nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”.
Romanos 8:39 (NVI)

Permita-me escrever esta simples carta para expressar o quanto Te amo, Rei Jesus. Para tanto, concordo que as palavras são meros detalhes, pois Tu consegues ler o meu coração. Contudo, se eu apenas puder mergulhar no rio que brota da Tua essência minha alma se saciaria por completo.

O Teu amor por mim é tudo que eu sempre quis. Todavia, como falar de amor para Tu que és a própria expressão do amor? Como expressar minha paixão por Ti que me amou em primeiro lugar? O que poderia escrever para tocar o coração dAquele que tem tudo?

O Teu amor é maior que a razão. Extrapola muito além dos meus sonhos. O momento mais triste de minha vida é quando às vezes me sinto distante do Teu cuidado, pois um segundo sequer fora da Tua vontade mais se assemelha a uma eternidade sem cores. Viver só tem sentido se for para satisfazer o anelo do Teu coração.

O alvo maior da minha vida é Te servir enquanto houver fôlego em minhas narinas. A Tua graça me constrange. O Teu perdão me leva além. O Teu amor me faz sonhar os Teus sonhos. A Tua paciência me ensina. A Tua amizade me quebranta. O Teu sacrifício na cruz me libertou da corrente do ódio.

Uma vida inteira rendida aos Teus pés é pouco para agradecer pelo Teu amor por mim. Uma oração não consegue exprimir minha imensa gratidão. Uma música jamais atingirá com exatidão o som que ecoam do meu coração. A eternidade é pouco tempo para esgotar minha saudade de Ti.

Uma simples carta como esta é apenas um pingo de adoração em gratidão perto do oceano que emana de Ti. Ao chegar no fim da minha existência apenas quero haver ter conquistado Teu coração, pois antes mesmo de nascer Tu já havias me conquistado com Teu amor.

Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 19 de Março de 2004

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Esperança, vida e cruz


“Ponha o seu rosto no pó; talvez ainda haja esperança (...) Embora ele traga tristeza, mostrará compaixão, tão grande é o seu amor infalível”.
Lamentações 3:29, 32 (NVI)

De todas as palavras que a humanidade já codificou o termo esperança é sem dúvida o mais impetuoso. Das razões para se incitar uma revolução a esperança novamente se destaca. A força impulsionadora para continuar a caminhada rumo aos sonhos mais distantes se reabastece na simples capacidade de ter esperança.

Os dias escuros são iluminados pela insistente chama da esperança. As dificuldades mais agressivas são acalmadas na ternura da destemida esperança. As incertezas do porvir são dinamitadas através da firmeza intrínseca a esperança. De todas os sentimentos humanos o único que insiste em não desistir é a esperança.

A fonte de toda esperança habita no Senhor. Cristo morreu na cruz do Calvário, pois Ele não perdeu a esperança na raça humana. Jesus decidiu se humilhar, pois a esperança que habita nEle não pode ser apagada pelas asneiras do homem. O Mestre venceu o mal não pela força, mas sim pelo amor que emana da esperança.

A indagação que saltou do coração do salmista ecoa pelas veredas da existência: “agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em Ti” - Salmos 39:7. Ainda que a natureza humana insista em depositar a confiança existencial dentro de si mesmo o grito sufocante da esperança continuará a inquietar a fé dos seguidores de Jesus.

A ausência de esperança culmina na carência biográfica. O salmista demonstra a ardente expectativa de encontrar nas palavras de Deus a força para não desistir da esperança quando declarou: “antecipo-me à alva da manhã e clamo; aguardo com esperança as Tuas palavras” – Salmos 119:147. Mesmo não ouvido a voz dEle ainda sim está lá. Ainda que não percebendo o Seu agir Ele continua a nos transformar. Esta esperança insiste em não morrer.

Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 09 de Março de 2007

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Um menino chamado Edir Macedo


“E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição...”
2 Pedro 2:1 (NVI)

Nos últimos tempos poucas pessoas têm conseguido ocupar tanto espaço na mídia como o excêntrico “Bispo” Edir Macedo, principalmente no que concerne ao lado empresarial encabeçado pela Rede Record que constantemente se encontra numa concorrência com a principal rival, Rede Globo. Nesta luta para saber quem mandará no Brasil nas próximas décadas vale tudo, inclusive manipular as massas evangélicas para apoiar manifestos tendenciosos e meramente mercantilistas. Contudo, o propósito do presente artigo não é apimentar este conflito, mas sim fazer uma breve reflexão sobre o lado religioso deste homem (Edir Macedo) que não poucas vezes tem agido de forma infantil. A intenção é refletir (pensar) sobre as premissas teológicas e religiosas que o líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) tem propagado e como que estas são prejudiciais a fé cristã.

No dia 27 de Abril de 2009, Edir Macedo registrou em seu blog as seguintes alíneas: “Será que os que me acusam de aproveitador, vigarista e ladrão não gostariam de estar em meu lugar???… Será que eles me acusam porque são honestos, íntegros, verdadeiros e santos? E se a santidade deles é tão acentuada assim, por que não são tão abençoados por Deus como gostariam? Seria Deus injusto para com eles? Que Deus é Esse que abençoa um “bandido” e amaldiçoa os certinhos? Ou será que mesmo na integridade eles não conseguem sucesso porque são incompetentes? E não seria tamanha incompetência a verdadeira razão da inveja? (...)” – cf. www.bispomacedo.com.br/blog , acessado em 16 de Maio de 2009. Tristemente, Edir Macedo não está totalmente errado, o que não torna suas idéias aceitáveis. É indiscutível que inúmeros líderes eclesiásticos fariam qualquer coisa para ter o suposto “sucesso” e “crescimento” que a IURD obteve nas últimas décadas, a prova disto é que estão imitando os heréticos programas da IURD em diversas igrejas.

A perícope acima demonstra que o Sr. Edir Macedo se esqueceu do texto do livro de Jó que exemplifica que coisas ruins acontecem com pessoas boas e que a recíproca também é verdadeira, ou seja, coisas boas acontecem com gente ruim. Este estalo teológico apresentado por Jó é o que equilibra o radicalismo defendido por alguns baseando exclusivamente no texto de Deuteronômio, capítulo 28, onde apresenta a súmula: sejam pessoas boas e Deus abençoará; sejam pessoas más e Deus amaldiçoará. Sendo assim, Macedo se esquece que o que se está em “xeque” nesta vida não é o sucesso adquirido perante os homens, nem o nebuloso fracasso, mas sim a fidelidade com que se é mordomo de Deus. Portanto, santidade não é pré-requisito para adquirir bens materiais, integridade não garante riqueza, e ao que parece a lógica do mercado capitalista é exatamente o contrário.

Há vários textos bíblicos que estão em acordo ao dogmatizar que prosperidade, sucesso, felicidade não são necessariamente atributos daqueles que são fieis cristãos. Para tanto vale observar o texto de Salmos 94:3: “até quando os ímpios, Senhor, até quando os ímpios saltarão de prazer?”. Tal texto está próximo da indagação registrada em Juízes 12:1: “...por que prospera o caminho dos ímpios, e vivem em paz todos os que procedem aleivosamente?”. Portanto, ao contrário do que Macedo intenta ensinar, bênçãos nesta terra não pode ser o critério exato para discernir se alguém está com Deus ou não. Contudo, não se pode radicalizar afirmando que Deus é contra a prosperidade. Torna-se, então, razoável e é no mínimo sensato arrazoar que, toda e qualquer riqueza quando não é utilizada para a glória de Deus deve ser questionável.

Outro caminho demasiadamente perigoso que o Sr. Edir Macedo induz a cristandade atual a trilhar em seu blog é o pressuposto de que as pessoas ao olhar para ele sentem inveja. Os líderes evangélicos que comungam deste sentimento devem repensar seriamente a fé, pois o referencial de pastor deveria ser não o sucesso, mas sim o caráter, porém tal fato é omitido em seu blog, focando que a razão da inveja dos outros por ele é essencialmente o “sucesso” da IURD. Ambos erram, pois o que a igreja precisa atualmente é de pastores de caráter, não de pastores-empresários que se orgulham do sucesso como se este fosse mérito pessoal. Para tanto, novamente o texto bíblico, especificamente o de Salmos 73:2-3, ajuda o leitor a não ceder para o “canto da sereia”, pois argumenta: “quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos. Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios”.

Ao ler a perícope destacada do blog do Edir Macedo e após fazer as devidas considerações anteriormente relatadas, uma cena da infância vem à mente. Se parece muito com uma criança mimada que conseguiu um carrinho importado de controle remoto sem fio e que agora frente aos “amigos” do bairro menos favorecidos fica fazendo “figuinha” e esnobando os outros se achando o melhor entre todos. Contudo, depois que se cresce vê que aquele carrinho não tem importância nenhum. Se for um carrinho feito à mão com garrafas pet ou importado sem fio, isto não tem o menor valor quando se adquire um pouco de maturidade. O que importava realmente era estar junto um dos outros. Parafraseando, quando na Igreja se deixa de ser criança o que importa não é mais a beleza dos templos, nem o sucesso aclamado pelas multidões e muito menos a prosperidade dos outros, tudo isto são paixões infantis.

Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vs.seabra@gmail.com
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Artigo escrito em: 15 de Junho de 2009