“Se alguém se considera religioso, mas não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo. Sua religião não tem valor algum! ...a língua é um fogo; é um mundo de iniqüidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de sua vida ...a língua, porém, ninguém consegue domar. É um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero”.
Tiago 1:26; 3:6-8 (NVI)
O “Ministério da Fofoca” é
constituído por pessoas das mais diferentes faixas etárias, dos mais variados
credos e das diversas classes sociais. Tristemente, estes também se encontram
dentro das denominações evangélicas, onde fazem seus ninhos férteis. Então, o
“diz-que-diz-que” tem sido a palavra de ordem no que tange a
pseudo-espiritualidade de muitos santos contemporâneos. A doutrina do boato tem se tornado a vestimenta que disfarça a
fragilidade de caráter do ser chamado humano. Numa projeção informal (sem
nenhum comprovação!) se pode arrazoar que a cada cinco cristãos, três, são
membros ativos do “Ministério da Fofoca”, e os outros dois são membros passivos.
Para melhor entender como funciona esse ministério
será apresentado abaixo uma cartilha explicativa (uma sátira/ironia, claro!)
com informações do tipo: Quem somos? Quais requisitos para se ingressar? Como
participar? Quais os objetivos? No que cremos?
Quem somos?
O “Ministério da Fofoca” é um
grupo de pessoas que vivem a essência da palavra união, onde todos sabem,
comentam, inventam e dão palpites sobre a vida de outros. São homens e mulheres
de elevado grau de espiritualidade, podem até mesmo passar horas a fio trocando
motivos para interceder pelo próximo.
Quais os requisitos para se ingressar?
Os requisitos para se tornar um
membro do “Ministério da Fofoca” são: a) ter habilidade de comunicação; b) ser
um jornal ambulante; c) ter acesso a várias reuniões secretas; d) ser um bom
facilitador, disposto a colher várias opiniões, evitando assim a parcialidade;
e) ser democrático a ponto de não tomar nenhuma decisão sem antes conversar com
várias pessoas, que definitivamente, não possuem qualquer ligação com o caso em
questão.
Como participar?
Para participar é bem simples,
basta reunir com duas ou mais pessoas e começar a dar sugestões sobre o que os
outros precisam melhorar. Sempre se coloque como superior aos demais, afinal,
você é quase perfeito, mas não pode falar isto abertamente, pois as pessoas não
entenderiam a sua grande humildade.
Quais os objetivos?
Os objetivos abordam: Ajudar as
pessoas a serem mais comunicativas. Desenvolver a capacidade de imaginação,
dando oportunidade para que todos, indiscriminadamente, forneçam palpites e
suposições. Valorizar a criatividade humana em situações verídicas. Facilitar o
processo de maturação da igreja, onde todos podem recomendar melhorias
significativas na vida dos membros. Por fim, porém não menos importante,
objetiva ser a verdade e a justiça dos fracos e oprimidos.
No que cremos?
Nós, membros do “Ministério da Fofoca”,
cremos que a igreja é um ponto de encontro, portanto, todos têm liberdade de
falar abertamente sobre tudo e principalmente sobre todos. Cremos no poder da
oração, por isto, trocamos informações que na verdade são motivos de
intercessão. Cremos na unidade, assim, não se pode admitir que todos não saibam
de todos. Cremos na amizade, logo, compartilhamos os segredos de outros para não
nos esquecermos.
Deixando a ironia de lado se faz
necessário ponderar que neste mundo do “diz-que-diz-que” a verdade é sempre a
primeira a morrer, o que sobra é somente mentiras. Infelizmente, o “Ministério
da Fofoca” muitas das vezes vem disfarçado como um simples comentário, outras
vezes como uma mera conversa amigável, algumas ocasiões vêm com a máscara de
santidade, evitando assim escândalos. Por causa de tudo isto é válido afirmar
que a igreja é lugar de vida, não de fuxico! Tristemente, o “Ministério da
Fofoca” tem feito várias vítimas, pois na Eclésia pós-moderna as pessoas não são
tão feridas pelo que acontece quanto o é pelas fofocas criadas entorno do que
realmente aconteceu.
Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vinicius@mtn.org.br
Artigo escrito em: 07 de Outubro de 2004
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