“...livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e
do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos é
proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele,
pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz...”.
Hebreus 12:1-2 (NVI)
A fé cristã
se centraliza na pessoa de Cristo Jesus e, ao contrário do que se vende
no camelô da fé igrejeira dos tupiniquins extravagantes, o Carpinteiro é simples e propõe um Caminho de
simplicidade. Em um “mundo” onde o Carpinteiro é Senhor absoluto, torna-se medíocre
aos Seus a busca por grandeza, fama, reconhecimento, espetáculos, show’s, megatemplos, superioridades
apostólicas, autoritarismos míticos e coronelismos eclesiásticos. O convite do
Nazareno não é para que os Seus sejam os melhores em detrimento dos demais,
pois para Ele os pequeninos são tão importantes quanto o mais aclamado
discípulo (cf. Mt. 18: 1-11). A
proposta do Evangelho é que os Seus sejam simples trabalhadores na Seara,
servindo em amor na fraternidade dos trabalhadores (cf. Lc. 10:1-3). Neste “mundo” não existe lugar para espetaculares senhores feudais, apenas para humildes
servos.
A vida e a
obra de Jesus Cristo não podem ser limitadas às manifestações coletivas, isto
é, não podem restringir-se apenas aos cultos da cristandade. Contrário aos
discursos pulpitocêntricos, a
proposta do Evangelho é que Cristo esteja presente em todos os momentos da vida
humana, desde os momentos mais simplistas da existência até as mais complexas
vivências. O Carpinteiro propõe uma fé que não seja um amuleto que vez ou outra
se valha para resolver problemas gigantescos, mas seja uma vida de
relacionamentos simples, sinceros e transformadores. Portanto, ser cristão é
simplesmente viver com o Cristo, é torna-lO parte indivisível da jornada, é
participar da vontade d’Ele, é buscar agrada-lO em primeiro lugar, é submeter
incondicionalmente ao Senhorio d’Ele, é reconhecer Sua majestade, é despir-se
de todo trapo de barganha religiosa
pré-formatada e redescobrir um Deus que ama pelo simples fato de ser Ele
próprio o Amor (cf. I Jo. 4:8).
No Cristianismo
não há necessidade de se trajar de hipocrisias, pois Ele não precisa ouvir uma
só palavra para entender os sentimentos mais profundos. No Evangelho de Jesus
não há razão de demonstrar o que não se é, pois Ele conhece as intenções do
coração. O convite do Cristo é para que haja uma sincera e simples vida em
comunhão com Ele, e neste convívio, o ápice é quando a vontade do homem se encontra
subjugada, rendida e satisfeita sob a soberania do Carpinteiro. E é neste
momento, distante dos espetáculos, que emergirá uma fé puramente cristocêntrica capaz de exalar o perfume
da Graça e reconhecer que Ele é o “autor e consumador da nossa fé” (cf. Hb. 12:2). Então, as almas cansadas
acharão repouso, pois n’Ele subsiste toda a esperança; n’Ele a escuridão se
dissipa pela clareza da Sua Palavra; n’Ele a vida encontra sentido durante a
peregrinação nesta terra; n’Ele as dúvidas se dissolvem na paz de se estar no
Caminho; e, n’Ele, o fardo das vivências é suavizado pela Graça exalada durante
a Via Dolorosa.
Fortalecido pela
cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vinicius@mtn.org.br
Artigo escrito em: 09 de Dezembro de 2010
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