segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O ministério das oportunidades



"...a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma simples fagulha".
Tiago 3:5 (NVI)

A igreja evangélica tem dado um espetáculo de despreparo teológico, eclesiástico e organizacional. A ausência de objetivos ministeriais cede espaço para jargões medíocres e ineficazes. A horripilante falta de razão, sentido e porque de se ir para a igreja favorece a entrada do famoso “encher lingüiça” nos cultos. A tentativa de fazer das reuniões evangélicas algo mais atrativo oferecem oportunidades que se tornam uma verdadeira tortura mental, emocional e até mesmo espiritual. A Eclésia mediante a tais condições se transfigura em um palco para contemplação de heresias e misticismos.

O ministério das oportunidades tem ganhado novos adeptos a cada dia. O efeito colateral é notório pelo fato das pessoas irem para a igreja interiormente vazias e saírem mais vazias. Mesmo com tanta diversidade, rotatividade e apresentações hilárias quase sempre não se sacia a sede espiritual dos ouvintes, pois não é pelo fato de se ter muita programação no culto que o torna produtivo. A sutil estratégia suicida presente no mundo das oportunidades causa medo. Não é mais tão difícil participar de um culto onde as oportunidades ocupem uma hora e meia da liturgia. Infelizmente, virou rotina encontrar igrejas onde se tem espaço para toda e qualquer oportunidade sobrando apenas alguns míseros minutinhos para a mensagem expositiva da Bíblia.

As oportunidades quando feitas de maneira ordenada e planejada são uma ótima ferramenta ministerial. Todavia, quando aplicadas em excesso e apimentada com os improvisos tornam-se num aterrorizante pesadelo eclesiástico. O “ministério das oportunidades”, na maioria das vezes, se assemelha a um grande tabuleiro de quebra-cabeças onde as peças não se encaixam, não há muito sentido. A Igreja não é arena para espetáculos bizarros. Os cristãos do século XXI estão precisando ter mais profundidade bíblica, necessitam conhecer intimamente Jesus Cristo e carecem de praticar o Evangelho. Contudo, o que a igreja tem oferecido é o púlpito para oportunidades que são extraordinárias aberrações.

O “ministério das oportunidades” tem contribuído substancialmente para a banalização do culto evangélico. A igreja tem se tornado num anfiteatro para anunciar apresentações e participações especiais de homens para homens. O resultado é palpável: igrejas cheias de pessoas vazias. Por esta razão é válido endossar o desabafo de Philip YANCEY, quando pondera: “Antigamente eu me aproximava de uma igreja com espírito exigente de consumidor. Via o culto como uma apresentação. Dê-me algo que eu goste. Divirta-me. (...) temos a tendência de ver a igreja como uma espécie de teatro: sentamos no auditório, assistindo com atenção ao ator no palco que leva todos a olharem para si (...) a fim de desviar os holofotes do pastor, algumas igrejas procuram envolver muitos leigos no culto. (...) julgando por padrões objetivos de estética e até mesmo pelos padrões subjetivos de ‘chamarizes à adoração’ muitas dessas tentativas pouco fazem melhorar o meu culto pessoal”[1]. 

Fortalecido pela cruz de Cristo, 
Vinicius Seabra | vinicius@mtn.org.br 
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Artigo escrito em: 23 de Junho de 2008

[1] Philip YANCEY, Igreja, Por Que me Importar?, p. 23-24.

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