"...a língua é um pequeno órgão do corpo, mas se vangloria
de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma
simples fagulha".
Tiago 3:5 (NVI)
A igreja evangélica tem dado um espetáculo de
despreparo teológico, eclesiástico e organizacional. A ausência de objetivos ministeriais
cede espaço para jargões medíocres e ineficazes. A horripilante falta de razão,
sentido e porque de se ir para a igreja favorece a entrada do famoso “encher
lingüiça” nos cultos. A tentativa de fazer das reuniões evangélicas algo mais
atrativo oferecem oportunidades que se tornam uma verdadeira tortura mental,
emocional e até mesmo espiritual. A Eclésia mediante a tais condições se
transfigura em um palco para contemplação de heresias e misticismos.
O ministério das oportunidades tem ganhado novos
adeptos a cada dia. O efeito colateral é notório pelo fato das pessoas irem
para a igreja interiormente vazias e saírem mais vazias. Mesmo com tanta
diversidade, rotatividade e apresentações hilárias quase sempre não se sacia a
sede espiritual dos ouvintes, pois não é pelo fato de se ter muita programação
no culto que o torna produtivo. A sutil estratégia suicida presente no mundo
das oportunidades causa medo. Não é mais tão difícil participar de um culto
onde as oportunidades ocupem uma hora e meia da liturgia. Infelizmente, virou
rotina encontrar igrejas onde se tem espaço para toda e qualquer oportunidade
sobrando apenas alguns míseros minutinhos para a mensagem expositiva da Bíblia.
As oportunidades quando feitas de maneira
ordenada e planejada são uma ótima ferramenta ministerial. Todavia, quando
aplicadas em excesso e apimentada com os improvisos tornam-se num aterrorizante
pesadelo eclesiástico. O “ministério das oportunidades”, na maioria das vezes, se
assemelha a um grande tabuleiro de quebra-cabeças onde as peças não se encaixam,
não há muito sentido. A Igreja não é arena para espetáculos bizarros. Os
cristãos do século XXI estão precisando ter mais profundidade bíblica,
necessitam conhecer intimamente Jesus Cristo e carecem de praticar o Evangelho.
Contudo, o que a igreja tem oferecido é o púlpito para oportunidades que são
extraordinárias aberrações.
O “ministério das oportunidades” tem
contribuído substancialmente para a banalização do culto evangélico. A igreja
tem se tornado num anfiteatro para anunciar apresentações e participações
especiais de homens para homens. O resultado é palpável: igrejas cheias de
pessoas vazias. Por esta razão é válido endossar o desabafo de Philip YANCEY,
quando pondera: “Antigamente eu me aproximava de uma igreja com espírito
exigente de consumidor. Via o culto como uma apresentação. Dê-me algo que eu
goste. Divirta-me. (...) temos a tendência de ver a igreja como uma espécie de
teatro: sentamos no auditório, assistindo com atenção ao ator no palco que leva
todos a olharem para si (...) a fim de desviar os holofotes do pastor, algumas
igrejas procuram envolver muitos leigos no culto. (...) julgando por padrões
objetivos de estética e até mesmo pelos padrões subjetivos de ‘chamarizes à
adoração’ muitas dessas tentativas pouco fazem melhorar o meu culto pessoal”[1].
Fortalecido
pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra |
vinicius@mtn.org.br
__________________________________
Artigo escrito em: 23 de Junho de
2008
[1] Philip YANCEY, Igreja,
Por Que me Importar?, p. 23-24.
Nenhum comentário:
Postar um comentário