"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina".
Cora Coralina
– poetisa goiana (1889-1985)
A
globalização é uma das marcas da sociedade do século XXI. Por conseguinte, as
informações estão em constante mudança e os padrões de qualidade sempre se
elevando. O ensino superior privado no Brasil não está imune a esta verdade dos
tempos pós-modernos. Portanto, torna imperativo que os professores estejam
sempre em constante aperfeiçoamento para que sejam capazes de responder
eficazmente as questões de seu tempo. A formação e profissionalização dos
docentes têm que ocupar primazia nas discussões acadêmicas, caso contrário o
ensino superior privado brasileiro transmitirá uma mensagem descompassada das
novas releituras mundiais e será impotente para transformar a realidade sócio-profissional
dos alunos.
O
presente século tem sido marcado pelas constantes mudanças e pela avalanche de
informações disponíveis para a sociedade. Para tanto, torna-se imperativo que
os professores do ensino superior privado acompanhem esta evolução do saber e
estejam aptos a interagir com a mutação do conhecimento. A docência superior
necessita de profissionais da educação que estejam sempre em constante
aprendizagem para possam ser eficazes. Ser professor não pode ser resumido a
uma parcela de tempo que se passa em sala de aula, porém carece de uma
dedicação de vida e uma busca insaciável pelo conhecimento. Ser professor é
tornar-se sempre aluno. Por esta razão a presença ou não da formação continuada
de professores é o fator determinante do sucesso ou fracasso das Instituições
de Ensino Superior da rede privada.
Um
dos grandes problemas que faz os professores do ensino superior da rede privada
não desenvolverem uma cultura de formação continuada se deve pelo fato de estes
enfrentarem uma jornada de trabalho dupla, são empregados durante o dia e
professores a noite. Com esta realidade trabalhista exaustiva (matutino,
vespertino e noturno) é evidente que não há tempo para aperfeiçoamento e
cursos, além do stress inerente desta
dupla carreira. Desta maneira, o professor tem que ser um verdadeiro
malabarista e conseguir o improvável, conciliar como professor: tempo de
preparo de aula, a aula e correção de atividades; e conciliar como empregado:
realização de rotinas administrativas, inovação e liderança. É visível que uma
das duas áreas ficará prejudicada, tristemente quase sempre é o ser professor
que fica relegado ao improviso – até mesmo porque muitos nem reconhecem a
docência como profissão.
A
formação continuada dos docentes universitários da rede privada se apresenta
como uma proposta distante da realidade de muitos destes profissionais da
educação principalmente pela falta de incentivo financeiro para os docentes. Pelo
fato da educação superior privada ter se popularizado o valor das mensalidades
ficaram mais acessíveis, porém “do outro lado da corta” o resultado obviamente seria
idêntico, ou seja, a remuneração do professor também ficou baixa. Portanto,
torna-se necessário a intervenção de terceiros para viabilizar financeiramente
e ajudar a custear os cursos de aperfeiçoamento, especializações e congressos
diversos. A instituição que não tem como filosofia educacional a prática de
cooperar na formação dos docentes não tem um futuro promissor.
Outro
fator que corrobora para que haja professores no ensino superior privado sem
pretensões de continuar estudando e sem ambições de melhor se qualificar para o
oficio de docente, é que as Instituições de Ensino Superior não fazem disto um pré-requisito
para contratações. Tendo apenas uma pós-graduação lato sensu já é suficiente para ser professor por tempo
indeterminado em várias instituições brasileiras. A profissionalização e a
formação continuada dos professores do ensino superior privado são
imprescindíveis para os que querem percorrer a jornada da docência no século
XXI. Aqueles que são professores precisam entender que simultaneamente são
alunos. Em formação continuada um ciclo é constância: ensinar é aprender. A
profissionalização e a formação continuada do professor irá fomentar a produção
cientifica e a pesquisa – pilares de saber em constante atualização. Escritor e
professor são duas performances inerentes a aqueles que ousam percorrer o
caminho da educação.
A
capacidade de escrever do professor fomentará o instinto de pesquisa do mesmo.
E, é por meio desta investigação científica que se constrói um saber forte o
suficiente para transformar pessoas e mudar opiniões, valores e atitudes. Seja
pela busca de confirmação sobre um paradigma ou mesmo visando contradizer o
tal, o campo da pesquisa se torna o palco perfeito para apalpar reflexões que
por si próprio se tornam agente independentes (produções literárias) e por
conseguintes são passivos a críticas, o que é fundamental para o processo de
aprendizagem. A capacidade de interação com a pesquisa e a produção científica
fará com que o aluno (e/ou o professor) não apenas decore conhecimentos ou
muito menos memorize alguns preceitos, mas fará com que ambos envolvidos no
processo aprendam e tornem útil o objeto do saber.
Ser
o professor um agente de transformação é admitir que este tenha capacidade de
sistematizar conhecimentos, correlacionar proposições de forma lógica,
raciocinar criticamente, registrar coerentemente o conteúdo na forma escrita e
ter maturidade de expor o produto final a outros cientistas do saber
(professores e alunos), a fim de peneirar o então novo paradigma. O professor,
então, não pode se contentar em ser apenas uma “babá” de alunos, simplesmente
cuidando para que não façam bagunça dentro da escola. Não pode se contentar em
ser apenas um “torcedor” que se satisfaz em estar na plateia esperando que o
time (aluno) vença. Ser professor é incumbir-se da tarefa de fazer alunos se
tornem pesquisadores, é empenhar-se para tornar estudantes em seres capazes de
produzir literatura, e, é fazer meros discentes se tornarem de forma plena
cientistas do saber. Tais postulados não seriam utópicos se os docentes
conseguissem atingir este patamar antes de ousarem serem professores.
Fortalecido pela
cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vinicius@mtn.org.br
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Artigo escrito em: 25 de Novembro de 2010
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