segunda-feira, 3 de junho de 2013

O prêmio: uma bacia e uma toalha


“assim, levantou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta da cintura. Depois disso, derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos seus discípulos, enxugando-os com a toalha que estava em sua cintura”.
João 13:4-5 (NVI)

As vivências no contexto capitalista ensinou a sociedade a sempre esperar uma recompensa pelo que se faz. Neste mundo de barganhas e investimentos a humanidade aprendeu a condicionar a dedicação pessoal mediante a um prêmio pelo tal. As pessoas se acostumaram a só fazer algo quando se beneficiam pelo feito. Tristemente, os termos gastar, perder, entregar e doar foi perdendo sentido e gradativamente caíram no desuso, inclusive para os cristãos em suas relações eclesiásticas e espirituais. Deste prisma, a arte de amar incondicionalmente perde lugar para o interesse; a oferta voluntária perde lugar para a prosperidade; a vida eterna perde lugar para as bênçãos nesta terra; e, a simplicidade da espiritualidade perde lugar para o mérito igrejeiro.

No Evangelho a matemática é inversa, e por mais que algumas igrejas contemporâneas insistam em discursar o contrário, ainda o Carpinteiro continua a convidar os seus para uma economia paradoxal: “Quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará” (cf. Mt. 10:39 - NVI). Qualquer pessoa que se junte a fraternidade da Igreja com o propósito de ganhar, já perdeu. Qualquer sermão dominical que motive os fiéis a se beneficiarem da fé, já subverteu a espiritualidade. Qualquer movimento evangelical que torne os seus superiores aos demais, já esqueceu a graciosidade de ser um simples servo na Casa do Pai. Portanto, somente no Cristianismo bíblico os prêmios deste mundo não representam valor algum e de contra partida as perdas, as debilidades e as fragilidades são destacadas.

O cristão fiel, o verdadeiro discípulo de Jesus, aquele que entendeu a mensagem do Carpinteiro, pode ter a certeza axiomática de que o grande prêmio por toda sua dedicação a Igreja será uma bacia e uma tolha para lavar os pés uns dos outros. Lembrando que na época bíblica não havia calçados fechados e as estradas eram de terra, então, este ato era um dos mais humilhantes e desprezíveis da época, praticado essencialmente pelos serviçais da casa. Logo, a recompensa por ter sido fiel a Deus se gloriará sobre bacias e toalhas. Enfim, a grande coroa da fé cristã é a capacidade de ser humilde ao ponto de se rebaixar e lavar os pés dos que estão à mesa - isto despedaça os grilhões do inferno, silencia as vozes pretenciosas do Ego e fortalece a natureza cristã da Igreja.

O ensino do Mestre acerca da grandeza da bacia e da toalha não é algo a ser meramente contemplado ou farisaicamente admirado, contudo, deve ser prioritariamente praticado (sendo importante verificar os equivalentes culturais para tal ato). Por isto Jesus exorta: “eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz (...) agora que vocês sabem estas coisas, felizes serão se as praticarem” (cf. Jo. 13:15,17 - NVI). O prêmio, bacia e toalha, não é mera retórica, mas sim a prova final para distinguir os que são e os que não são discípulos do Carpinteiro. Portanto, a recompensa maior que um cristão receberá por seus serviços será uma belíssima bacia e uma majestosa toalha – neste dia o Evangelho ganhará. 

Fortalecido pela cruz de Cristo,
Vinicius Seabra | vinicius@mtn.org.br

Artigo escrito em: 16 de Agosto de 2010

Um comentário:

  1. São textos como esse, que nos fazem lembrar a essência de quem servimos e de quem devemos ser a cada dia.
    Sempre me pergunto como me entregar a Cristo dessa forma tão simples, mas tão profunda.
    Que Jesus continue te usando!

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